O "segredo" da comunicação

29/Mar/2020

O "segredo" da comunicação

Já andei pensando e até escrevendo que o importante para que consigamos mudar a nossa vida é como a interpretamos, e que isso precisa de uma ação nossa de encontrar uma maneira de expandir, ou pelo menos redesenhar, a forma como interpretamos o mundo.

Ou seja, o óculos que usamos para interpretar as coisas é que nos habilita a encontrar as alternativas e oportunidades por alterar a maneira que julgamos a nossa realidade e as nossas habilidades.

A pergunta que fica então é: como conseguimos trocar este óculos, como podemos descobrir esta nova maneira de interpretar a nossa vida?

Este processo de transformação normalmente acontece como sendo um insight, um lampejo de uma ideia, algo que faz a quebra da visão de mundo anterior para uma visão mais expansiva.

É algo que observamos em algum contexto diferente que trazemos para o contexto atual durante um banho, ou algum texto ou vídeo que consumimos que parece encaixar no contexto sem que nem estivéssemos esperando por ele.

Isso pode acontecer de forma informal, quando literalmente a gente tropeça na oportunidade de insight, ou através da exposição deliberada de fontes de insight.

E quais são estas fontes de insight? São os livros, uma pessoa com experiência prática num contexto, ou uma pessoa mais velha, ou até mesmo um vídeo. Dizemos depois que estas fontes então foram inspiradoras.

Estas fontes são inspiradoras por uma razão muito simples: são fontes de sabedoria.

E o que é sabedoria? São experiências entregues por pessoas sábias se utilizando de algum mecanismo de comunicação. Sendo que a entrega acontece através de um subterfúgio de comunicação hábil de atravessar o julgamento do ego e os nossas interpretações preconcebidas de nossa realidade.

Para isso, nós utilizamos algo que parece não fazer muito sentido no contexto, mas, mesmo assim, preciso tentar explicar e buscar encaixar na sua maneira de interpretar o mundo.

Este mecanismo é a arte.

A arte é a estratégia de impactar as pessoas através dos sentidos, entregando um sentido superior que induza a entrega de insights. É a entrega da sabedoria através de meios materiais e físicos que hackeiam a nossa visão do mundo.

Entre os mecanismos de arte, as que são mais antigas e que temos mais contato são as estratégias de narrativa e de desenho. Basta olhar as inscrições rupestres e a nossa tradição oral antiga de narrar grandes feitos históricos.

O interessante disso tudo é que não temos como ser literais para a transformação da interpretação das pessoas. A transformação precisa ser como um encantamento progressivo até o momento que a pessoa cai em si e o insight se firma como uma descarga. É a experiência deliberada proporcionada por quem criou a arte.

E isso acontece como se fosse mágica. Uma história bem contada, como um filme do Star Wars, nos faz construir paralelos e identificações com a nossa vida, ajudando a construir as nossas percepções de camaradagem, propósito, rebeldia, e até de respeito a uma "força" maior.

E saímos do cinema transformados, tentando ligar as pontas como se o filme tivesse sido criado especialmente para cada um de nós.

E isso vale também para um quadro pintado, para uma poesia, ou para uma escultura. O artista está usando sabedoria para entregar um mundo melhor impactando como as pessoas percebem suas vidas.

Até mesmo este texto está sendo criado desta maneira. Fiz a construção dos conceitos em uma sequência que tenta te levar para um outro mundo. Te apresentei alguns conceitos e, progressivamente, busquei ligar o que ia explicando com uma experiência prática de vida. E, então, extrapolei de forma aberta para ver se encaixava no máximo possível de experiências que você poderia ter contato.

Com isso, eu quero que você perceba que tudo o que você faz de comunicação é, na realidade, arte. Encantar as pessoas é o papel que todo comunicador precisa saber fazer e, de forma deliberada, passar um recado que leve as pessoas para um novo mundo.

--- Fábio Ferrari (wisdom farmer in training)

  • fabio-pixian Fábio Ferrari